domingo, 4 de abril de 2010

tecendo a teia de que faço parte

... a música é a minha oração
é a forma de me fundir... de me re-encontrar...

de despertar novamente para a vida enquanto Ser que é célula de uma teia, que contempla o tecido infinito da criação da vida, e que também cria a sua parte ínfima... mas, não obstante, lança o seu fogo ...

e deixa a sua ressonância.

vive a sua morte
para poder renascer
entrega-se à verdade do momento...
ao se deixar morrer, a corrente da vida fá-lo renascer novamente

essa corrente da vida é como um fluxo musical
em oração a Voz ressurge vinda de outro mundo

ao cantar a morte, a força da vida regressa...

com vestes rasgadas
cabelos selvagens


não apresses a travessia... aprecia a deambulação pelas tuas correntes emocionais...


escavar no deserto
encontrar água debaixo da superfície seca, em águas subterrâneas
para saciar a minha sede

vou tecendo, vou contemplando, vou deslizando
vou lançando véus
vou lançando fogos
vou colhendo poeiras e cheiros

sentir-me dentro da teia
e navegar nela, deixando o horizonte queimar-me os olhos
navegar na teia, ser célula deste corpo maior
e deixar desabrochares surgirem através da minha entrega


o quanto amo música
e o quanto ela é sagrada para mim
pois invisivelmente escreve no éter os dourados fios de histórias nunca esquecidas
de memórias sempre guardadas
em texturas e ambiências onde os sonhos vivem
reais como sensações de vertigem
só espero conseguir transmitir muito amor
que as preces ressoem
vindas do espírito
com o sangue da emoção
com a vibração da inspiração da gratidão
de sentir-me navegando, com meu próprio corpo, este infinito tecido que é a a realidade
que simultaneamente contemplo e teço

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